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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Enem terá várias edições anuais e será informatizado - ALGUÉM ACREDITA?


Luciano Máximo | De São Paulo

08/08/2011

Ainda durante a gestão da presidente Dilma Rousseff, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) poderá ter várias edições anuais e cerca de 40% dos inscritos - um contingente de mais de 2 milhões de pessoas - poderão fazer uma prova informatizada. Com as iniciativas, o Ministério da Educação (MEC) busca consolidar cada vez mais o Enem como processo seletivo de acesso ao ensino superior brasileiro.
O governo também está de olho na economia que a informatização do Enem pode trazer aos cofres públicos, uma vez que o custo do exame, calculadas todas as despesas de logística e impressão da prova, é de até R$ 45 por candidato - um orçamento de mais de R$ 200 milhões. Ao mesmo tempo, a estratégia reduz riscos de fraudes e erros de impressão, problemas ocorridos em 2009 e 2010 que deixaram o ministro da Educação, Fernando Haddad, em saia justa. O Enem 2011 teve 5,4 milhões de inscritos.

O MEC se inspira no Scholastic Assessment Test (SAT), avaliação de matemática, escrita e leitura que não funciona como vestibular, mas é um dos critérios de seleção da maioria das universidades americanas. De acordo com o calendário do SAT, o teste é aplicado sete vezes ao ano. Haddad disse que técnicos do ministério estiveram em várias ocasiões nos Estados Unidos para estudar o "Enem americano". "É o único modelo de avaliação educacional completamente informatizado em grande escala."

Segundo o ministro, o primeiro passo para a modernização do Enem é criar um banco de itens com cerca de 100 mil questões. Em seguida, o governo começará a cuidar da logística de aplicação da prova, que se dará em "salas seguras" com computadores especiais em instituições credenciadas. "O computador prepara uma prova personalizada a partir do banco de questões disponível. É um modelo parcialmente randômico, o grau de dificuldade deve ser o mesmo para todos os testes", explica Haddad.

A princípio, o novo modelo comportará 40% dos inscritos. Os outros 60% continuarão fazendo o exame da maneira tradicional. A implementação dependerá da agilidade das 59 universidades contratadas pelo MEC para a preparação do banco de itens. "Não sei dizer quanto tempo vamos levar para aplicar. Vai depender da produtividade das questões, quanto mais rápida a composição de um banco robusto, mais rapidamente será possível credenciar as salas seguras que poderão oferecer o teste informatizado", acrescenta Haddad.

Para o economista Ernesto Martins Faria, coordenador do portal "Estudando Educação", a medida é positiva porque sinaliza ações concretas para evitar que os problemas das últimas duas edições do Enem se repitam. Faria ressalva que as mudanças requerem transparência e um posicionamento mais definitivo do MEC sobre "o real papel do Enem".

"O Enem precisa de foco, está ganhando muita responsabilidade. Falta definir se o Enem é vestibular ou uma avaliação. Do jeito que está e com essas propostas, o Enem se direciona mais para o ensino superior e vai ficando mais longe do médio. Como não é uma prova obrigatória, ele acaba não avaliando a qualidade da escola ou da rede", opina Faria.

Segundo ele, há uma contradição no atual objetivo do Enem de ser um grande vestibular brasileiro. "Como garantir que a pontuação do Enem seja compatível com os conhecimentos exigidos pela universidade, se a prova não é capaz de avaliar os problemas no ensino médio. Hoje os índices de abandono e evasão no ensino superior são altíssimos, muito porque aluno que vem do médio não consegue acompanhar." A saída, diz Faria, seria integrar o exame com o currículo do médio e tornar a prova obrigatória. "Seria possível conhecer as reais condições do ensino médio e se o candidato está preparado para a universidade."

Na entrevista ao Valor, publicada quinta-feira, o ministro Fernando Haddad disse que o MEC analisa possibilidade de incorporar o Enem ao Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e incluir a participação no exame no currículo do ensino médio. "Assim, o Brasil teria um sistema de avaliação educacional mais ajustado em todos os níveis", disse Haddad.
 

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