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segunda-feira, 11 de julho de 2011

A PRÁTICA EDUCATIVA:COMO ENSINAR - ANTONI ZABALA

A PRÁTICA EDUCATIVA:COMO ENSINAR
ANTONI ZABALA
Porto Alegre: Artmed, 1998

Capítulo 1 
A prática educativa: unidades de análise

            Buscar a competência em seu ofício é característica de qualquer bom profissional. Zabala elabora um modelo que seria capaz de trazer subsídios para a análise da prática profissional. Como opção, utiliza-se do modelo de interpretação, que se contrapõe àquele em que o professor é um aplicador de fórmulas herdadas da tradição, fundamentando-se no pensamento prático e na capacidade reflexiva do docente.
            A finalidade da escola é promover a formação integral dos alunos, segundo Zabala, que critica as ênfases atribuídas ao aspecto cognitivo. Para ele , é na instituição escolar, através das relações construídas a partir de experiências vividas, que se estabelecem os vínculos e as condições que definem as concepções pessoais sobre si e os demais. A partir dessa posição ideológica acerca da finalidade da educação escolarizada, é conclamada a necessidade de uma reflexão profunda e permanente da condição de cidadania dos alunos , e da sociedade em que vivem.
            Segundo, o autor, na nossa vida particular e profissional, vivemos questionando sobre o que e como fazemos, e os resultados daí decorrentes.Concluímos então que algumas coisas fazemos muito bem, outras mais ou menos e, por último , algumas que somos incapazes de realizar.
            As variáveis que condicionam a prática educativa são difíceis de definir, dada a complexidade como se manifesta, pois nelas se expressam múltiplos fatores, idéias, valores, hábitos, pedagógicos, etc..

Capítulo 2

A função social do ensino e a concepção sobre os processos de aprendizagem :instrumentos de análise
Sobre os conteúdos da aprendizagem, seus significados são ampliados para além da questão do que ensinar, encontrando sentido na indagação sobre por que ensinar. Deste modo, acabam por envolver os objetivos educacionais, definindo suas ações no âmbito concreto do ambiente de aula. Esses conteúdos assumem o papel de envolver todas as dimensões da pessoa, caracterizando as seguintes tipologias de aprendizagem : factual e conceitual (o que se deve aprender?); procedimental (o que se deve fazer?); e atitudinal (como se deve ser?).
Para o autor, o papel do objetivo educacional é a formação integral para a autonomia , equilíbrio pessoal, relações interpessoais, etc..
            A primeira conclusão que o autor chega quanto ao conhecimento dos processos de aprendizagem é a atenção à diversidade.
            Para o autor a diversidade deve fazer parte do trabalho do professor, pois alunos e alunas são diferentes em muitos aspectos (físico, emocional, cognitivo, etc..)
            Construtivismo: concepção sobre como se produzem os processos de aprendizagem
            O ensino tradicional está relacionado às diferentes disciplinas.
            Por conteúdos factuais se entende o conhecimento  de fatos , acontecimentos, situações, dados e fenômenos concretos e singulares: a idade de uma pessoa, a conquista de um território.São conteúdos em que as respostas são inequívocas.
            Um conteúdo procedimental é um conjunto de ações ordenadas e com um fim, para a realização de um objetivo.São conteúdos procedimentais: ler, desenhar, observar, calcular, classificar, traduzir, recortar, saltar, inferir, espetar, etc..
            Os conteúdos atitudinais englobam conteúdos agrupados em valores , atitudes e normas cada um destes com natureza diferenciada.

Capítulo 3

As seqüências didáticas e as seqüências de conteúdo

            Certos questionamentos pareceram-nos relevantes: na seqüência há atividades que nos permitam determinar os conhecimentos prévios? Atividades cujos conteúdos sejam propostos de forma significativa e funcional? Atividades em que possamos inferir sua adequação ao nível de desenvolvimento de cada aluno? Atividades que representam um desafio alcançável? Provoquem um conflito cognitivo e promovam a atividade mental? Sejam motivadoras em relação à aprendizagem de novos conteúdos? Estimulem a auto-estima e o auto-conceito? Ajudem o aluno a adquirir habilidades relacionadas com o aprender, sendo cada vez mais autônomo em suas aprendizagens?
            A partir de nossas propostas de trabalho, aparecem para os alunos, diferentes oportunidades de aprender diversas coisas; para os educadores, uma diversidade de meios para captar os processos de construção que eles edificam, neles incidir e avaliar; nem tudo se aprende do mesmo modo, no mesmo tempo, nem com o mesmo trabalho; por que nosso desejo de que sejam tolerantes e respeitosos se vê frustrado justamente naquelas ocasiões em que é mais necessário exercer a tolerância e respeito?; refletir sobre o que  aprender o que propomos pode nos conduzir a estabelecer propostas suscetíveis de ajudar mais os alunos e ajudar a nós mesmos.


Capítulo 4

As relações interativas em sala de aula: O papel dos professores e dos alunos

            O autor expõe o valor das relações que se estabelecem entre os professores, os alunos e os conteúdos no processo ensino e aprendizagem. Comenta que essas se sobrepõem às seqüências didáticas, visto que o professor e os alunos  possuem certo grau de participação nesse processo, diferente do ensino tradicional, caracterizado pela transmissão/recepção e reprodução de conhecimentos. Examina, dentro da concepção construtivista, a natureza dos diferentes conteúdos, o papel dos professores e dos alunos, bem como a relação entre eles no processo, colocando que o professor necessita diversificar as estratégias, propor desafios, comparar, dirigir e estar atento à diversidade dos alunos, o que significa estabelecer uma interação direta com eles.
            Das relações interativas para facilitar a aprendizagem se deduz uma série de funções dos professores, que podemos caracterizá-las da seguinte maneira:
-planejamento e plasticidade na aplicação :A complexidade dos processos educativos faz com que não se possa prever o que acontecerá na aula.Este inconveniente é o que aconselha  que os professores contem com o maior número de meios e estratégias para poder atender às diferentes demandas que aparecerão no processo ensino/aprendizagem;
-levar em conta as contribuições dos alunos tanto no início das atividades como durante o transcurso das mesmas;
-ajudá-los a encontrar sentido no que fazem;
-estabelecer metas alcançáveis;
-oferecer ajuda contingente (a elaboração do conhecimento exige ajuda especializada, estímulo e afeto por parte dos professores e dos demais colegas);
-promover canais de comunicação;

Capítulo 5

A organização social da classe

            Antoni Zabala procurou analisar as diferentes formas de organização social dos alunos vivenciadas na escola e sua relação com o processo de aprendizagem.Percebeu que todo tipo de organização grupal dos alunos, assim como todas as atividades a serem programadas/desenvolvidas pela escola e a própria forma de gestão que esta emprega, devem levar em consideração os tipos de aprendizagens que estão proporcionando a seus alunos e os objetivos expressos pela própria escola. Desse modo, alertou para o fato de que inconscientemente a instituição escolar, ao não refletir sobre esses aspectos, pode acabar por desenvolver uma aprendizagem inversa àquilo que apregoa.
A escola como grande grupo:
-Atividades gerais da escola (durante o ano, a maioria das escolas organiza uma série de atividades que em geral são de caráter social, cultural, lúdico ou esportivo);
-Tipos de gestão da escola: pragmática (efetuada com critérios  relativos às necessidades de dinamização, organização e desenvolvimento das diferentes tarefas de uma instituição com funções complexas); colegiada ( define determinadas relações interpessoais, uma maneira de conceber as relações de trabalho que podem ser de ajuda, de colaboração ou de confiança, ou exatamente o contrário).

Capítulo 6

A organização dos conteúdos

            Ele defende a organização dos conteúdos pelo método de ensino global, pois os conteúdos de aprendizagem só podem ser considerados relevantes na medida em que desenvolvam nos alunos a capacidade para compreender uma realidade que se manifesta globalmente. No tocante aos métodos globalizadores, o autor descreve as possibilidades dos centros de interesse de Decroly, os métodos de projetos de Kilpatrick, o estudo do meio, e os projetos de trabalhos globais.
            Podemos estabelecer três graus de relações disciplinares:
-a multidisciplinaridade = é a organização de conteúdo mais tradicional
-a interdisciplinaridade = é a interação entre duas ou mais disciplinas
-elaboração do dossiê ou síntese= nesta fase se concretiza o produto do projeto que conduziu e justificou todo o trabalho
-avaliação=avalia-se todo o processo em dois níveis: um de caráter interno onde cada aluno recapitula o que aprendeu, e outro, de caráter externo, com a ajuda do professor, os alunos tem que se aprofundar no processo de descontextualização.

Capítulo 7

Os materiais curriculares e outros recursos didáticos

            Materiais curriculares são os instrumentos que proporcionam referências e critérios para tomar decisões: no planejamento, na intervenção direta no processo de ensino/aprendizagem e em sua avaliação. São meios que ajudam os professores a responder aos problemas concretos que as diferentes fases dos processos de planejamento, execução e avaliação lhes apresentam.
            As críticas referentes aos conteúdos dos livros didáticos giram em torno das seguintes considerações:
-a maioria dos livros trata os conteúdos de forma unidirecional e se alimentam de estereótipos culturais;
-é fácil encontrar os livros com dose consideráveis de elitismo, sexismo, centralismo, classicismos,etc..;
-apesar da grande quantidade de informação não podem oferecer  toda a informação necessária para garantir a comparação;
Os centros de interesse de Decorly:
Seqüência de ensino/aprendizagem
Observação-conjunto de atividades que tem por finalidade pôr os alunos em contato direto com as coisas, os seres , os fatos e os acontecimentos.
Associação – através de exercícios os alunos relacionam o que observaram com outras idéias ou realidades e expressão.
Expressão- pode ser concreta, quando utiliza os trabalhos manuais, ou abstrata, quando traduz o pensamento com a ajuda de simples  convencionais.
Justificativa: - a criança é o ponto de partida do método; o respeito à personalidade do aluno; a eficácia da aprendizagem é o interesse; a vida como educadora.A eficácia do meio é decisiva; os meninos(as) são seres sociais;a atividade mental está presidida pela função globalizadora e é influenciada pelas tendências preponderantes do sujeito.
O método de projetos de Kilpatrck:
Seqüência de ensino/aprendizagem compreende quatro fases:
-intenção (os alunos escolhem o objeto ou a montagem que querem realizar e a maneira de se organizar);
-preparação (consiste em fazer o projeto do objeto ou montagem);
execução (os meios e os processos a serem seguidos);
avaliação (momento de comprovar a eficiência e a validade do produto realizado);
Os projetos de trabalhos globais ( nasce de uma evolução dos Project Works de língua e é uma resposta à necessidade de organizar os conteúdos na perspectiva da globalização)



Capítulo 8

A avaliação

Realiza-se uma severa crítica à forma como habitualmente é compreendida a avaliação.A pergunta inicial “por que temos que avaliar”, necessária para que se entenda qual deve ser o objeto e o sujeito da avaliação, demora um pouco a ser respondida. A proposta elimina a idéia da avaliação apenas do aluno como sujeito que aprende e propõe também uma avaliação de como o professor ensina. Elabora a idéia de que devemos realizar uma avaliação que seja inicial, reguladora capaz de acompanhar o progresso do ensino, final e integradora. Esta divisão é empregada como necessária para se continuar fazendo o que se faz, ou o que se deve fazer de novo, o que é mais uma justificativa para a avaliação, o por quê avaliar.
Avaliação inicial, planejamento, adequação do plano (avaliação reguladora), avaliação final, avaliação integradora.
A partir de uma opção que contempla como finalidade fundamental do ensino a formação integral da pessoa, e conforme uma concepção construtivista, a avaliação sempre tem que ser formativa, de maneira que o processo avaliador, independentemente de seu objetivo de estudo, tem que observar as diferentes fases de uma intervenção que deverá ser estratégica.Quer dizer, que permita conhecer qual é a situação de partida, em função de determinados objetivos gerais bem definidos (avaliação inicial); um planejamento da intervenção; uma atuação e, ao mesmo tempo, flexível , entendido como uma hipótese de intervenção;uma atuação na aula, em que as atividades , as tarefas e os próprios conteúdos de trabalho se adequarão constantemente (avaliação reguladora) às necessidade que vão se apresentando para chegar sobre o processo seguido, que permita estabelecer novas propostas de intervenção (avaliação integradora).
Nós, professores(as), temos que dispor de todos os dados que nos permitam reconhecer em todo momento que atividades cada aluno necessita para sua formação;
O aluno necessita de incentivos e estímulos. Sem incentivos, sem estímulo e sem entusiasmo dificilmente poderá enfrentar  o trabalho que lhe é proposto;
A escola, a equipe docente têm que dispor de todos os dados necessários para a continuidade e a coerência no percurso do aluno;
A administração educacional é gerida por educadores , portanto, seria lógico  que a informação  fosse o mais profissional possível , com critérios que permitissem a interpretação do caminho seguido pelos alunos, conforme modelos tão complexos como é complexa a tarefa educativa;
Por último ,devemos ter presente que na sala de aula e na escola, avaliamos muito mais do que se pensa,inclusive mais do que temos consciência.          

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